Armas da PM de Goiás começam a ser recolhidas após Ministério do Trabalho detectar defeitos e proibir uso
Auditoria apontou que pistolas PT 24/7 PRO D da marca Taurus já causaram 23 acidentes com policiais. Atualmente, corporação dispõe de 2,5 mil armas, que serão trocadas por outras.
Fonte: Por Sílvio Túlio e Honório Jacometto, G1 GO e TV Anhanguera
A Polícia Militar começou a recolher nesta sexta-feira (17) as 2,5 mil armas da marca Taurus, modelo PT 24/7 PRO D, utilizadas pela corporação, mas que foram proibidas pelo Ministério do Trabalho em Goiás. O órgão tomou a decisão após constatar que elas são perigosas e já causaram, em quatro anos, já causaram 23 acidentes com integrantes da força de segurança.
Está a primeira de três etapas previstas para o recolhimento. De acordo com o assessor de comunicação da PM, tenente-coronel Marcelo Granja, neste primeiro momento, 750 armas foram entregues. Ele explica que os militares não estão ficando desarmados.
“Assim que o policial entrega a arma, ele já recebe outra. Essas primeiras que estamos repassando pertencem ao estoque da PM”, disse ao G1.
Segundo o coronel Divino Alves, comandante da PM em Goiás, a corporação entrou na Justiça contra a Taurus. “O que nós precisamos é que a Taurus assuma seu compromisso de fazer a substituição, na totalidade, na integralidade, de todas as 2,5 mil armas”, afirmou.
Conforme apurou a TV Anhanguera, do total de armas para repor as que estão sendo entregues, 1,2 mil serão repassadas pela própria PM. Já as outras 1,3 mil serão emprestadas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) em dois modelos: Taurus 840 e Imbel 9 mm.
A troca está ocorrendo, inicialmente, no interior do estado, do 4º ao 11º batalhão.
Em nota ao G1, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) que “todo esse processo está sendo coordenado pela Polícia Militar”.
Em nota ao G1, a assessoria da Taurus disse que “não há fundamento na demanda” e que as armas usadas pela PM são exclusivas, feitas a partir de especificações da própria corporação. Pontua ainda que “tem se esforçado para chegar a uma solução mutuamente aceitável” (veja nota na íntegra ao final do texto).
Estrutura
Segundo a auditora fiscal do Trabalho Jacqueline Carrijo, foi montada uma “mega estrutura logística” para fazer o recolhimento das armas, que estão distribuídas por todos os 246 municípios goianos.
“A previsão é de três etapas. Posso garantir que a PM não vai ficar desarmada, porque a substituição é imediata. Nossa expectativa é que até meados de dezembro possamos concluir o processo”, disse ao G1.
O estudo das armas foi feito entre agosto e outubro deste ano. Os principais problemas constatados pelo levantamento são:
- disparos em rajadas em regime automático [deve ser em modo semiautomático];
- falha do retém do ferrolho [a pistola não fica aberta, não indicando que a munição acabou];
- carregador [de munição] danificado com rachadura;
- arma que não para na ação simples [a pistola não fica na posição que gera maior precisão do tiro];
- travamento do gatilho;
- arma dispara no coldre [equipamento que os policiais transportam a arma junto ao corpo quando fardados];
- disparo involuntário.
Ainda de acordo com o levantamento, a auditoria colheu informações, dados, denúncias de acidentes e incidentes com a PT 24/7 PRO D envolvendo policiais das forças de segurança de Goiás e até mesmo de outros estados. A análise também foi feita em parceria com peritos da PM-GO.
De acordo com o MTE, se comprovou o esforço administrativo da Polícia Militar de Goiás para corrigir o problema e substituir as armas. Porém, conforme a auditora, a Taurus não tomou nenhuma providência eficaz.
O ato de interdição foi acompanhado pela PM-GO e pelo Ministério Público Federal (MPF).
O que diz a Taurus:
“A Taurus reitera que esclareceu de forma detalhada em ação judicial proposta pelo Estado de Goiás que não há qualquer fundamento para essa demanda. Simplesmente não existem as supostas evidências que o armamento seria inseguro ou defeituoso. A companhia esclarece, ainda, que o modelo das armas da PMGO é exclusivo, tendo sido a própria corporação a responsável por elaborar as especificações. As armas estão em uso pela PMGO há cinco anos.
A Taurus, ainda assim, tem se esforçado para chegar a uma solução mutuamente aceitável, inclusive apresentando propostas para atender aos interesses da PMGO. A Taurus aguarda reposta da instituição.”